Eita ignorância e falta de memória. Talvez por isso goste tanto da internet, onde diminuo a ignorância e a lembrança é sempre estimulada pelas checadas quase a minuto no google, prótese de memória, HD perdido.
Quando ouço alegria é a prova dos nove, minha cabeça repete musicalmente e a tristeza seu porto seguro.
Até hoje pela manhã, quando li a coluna de Xico Sá sobre o fiasco da seleção na Copa América para ser informado e lembrado que a frase é do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
É a segunda vez que o manifesto me pega.
Ao me deparar com a frase Só não interessa o que não é meu numa colagem de um tapume do metrô de São Paulo fiquei incutido, fotografei. Também descobri depois que a fonte era o manifesto. Santa Ignorância.
Fiquei em dúvida quando vi na sexta-feira a campanha deflagrada pelo facebook para mascarar as fotos dos perfis com o arco-íris. Entro ou não entro na brincadeira? Fiz o que muita gente deve ter feito, chequei quem entrou. Gostei de quem vi, vesti meu arco-íris e segui a parada.
Passei então a acompanhar a pipoca na panela. A TL foi praticamente tomada pelas alterações das fotos de perfil. E pra todo mundo que passava eu dava um alô com polegar e era retribuído. Foram 208 acenos de volta. Isso me deixou feliz e me lembrou aquele momento da missa onde o padre ordena e todo mundo se abraça, em clima era de confraternização. Ou os encontros de Carnaval.
Começaram a surgir também as brincadeiras de bom e de mau gosto. E os argumentos mais ou menos elaborados. Modinha, comportamento de manada, inocentes úteis do marketing do facebook, melhor seria combater a fome no mundo e por aí vai. Não vou chover no molhado. Tá tudo muito bem rebatido duas vezes pelo professor Wilson Gomes aqui e aqui e por Rafael Sampaio aqui.
Difícil saber o tamanho do impacto desta campanha. Pra mim pelo menos serviu para reler o manifesto e ouvir novamente Geléia Geral. Toca Torquato: